quinta-feira, 11 de março de 2010

..Os Caminhos da Desigualdade Humana..

Não há sequer um dia, no meu trabalho, que não adentre pela porta da loja, uma criança, ou mesmo um adulto, pedindo ajuda. A resposta silenciosa, dessas crianças-pedintes, muitas vezes demonstra que qualquer coisa que se dê, está de bom agrado. Simplesmente vira as costas e sai do lugar com o pensamento feliz de que não saiu dali de mãos abanando.

Percebo que o meu mundo é muito perfeitinho, em contra ponto com a realidade dessas crianças que vagam solitárias pelas ruas pedindo ajuda, qualuqer que seja, para saciar sua dignidade. Há um acontecimento que me chamou muito a atenção, por se tratar do mesmo garoto franzino, aparentava seus oito ou nove anos, vinha de bicicleta, largava-a na calçada de qualquer jeito, entrava n aloja com uma bolsa nas costas. Abria-a e de dentro dela, um dia tirava um pacote de alho, outro dia algum tipo de doce caseiro, certa vez até veio com uma verdura. Oferecia-me para comprá-las, e minha resposta à sua pergunta era sempre a mesma:
- Não. Obrigada.
Me olhava de maneira vazia, como se aquele diálogo nunca tivesse acontecido, então pedia:
- Tia, me dá uma bala?

Eu, quase irritada, não suportando mais aquela insistência, pegava duas ou três balinhas, que ficam sempre na vasilha em cima da minha mesa, e dava-as a ele.

Apressadamente, o gurizinho saía em silêncio, cabisbaixo. Não vendera a mim, porém não saira perdendo de todo o dia. Ganhara ao menos algumas pequenas balinhas.

Moro em uma cidade com mais de trinta mil habitante, com seis escolas públicas, duas creches e um Cemic e me questiono: Por que esta criança está na rua, aquele horário, pedindo coisas?!

Fico confusa ainda mais quando vejo na Internet, (porque tenho pouco tempo de ver os noticiários na TV) pessoas pressas por furtatem um litro de leite, um pote de margarina, ou algo ainda mais insignificante pra maioria, mas tão necessário para estes. Ainda são presas, tendo que ficar na cadeia (pois não possuem nenhum recurso financeiro ou amigável paea soltá-las), até que o Estado decida o que fazer com elas. Mas onde estava esta mesma instituição quando essa mãe precisava do leite para alimentar o seu filho?

Cadeia é para bandido acusado, ou para um cidadão faminto?

Olho para trás e relembro daquele menino solitário, que tentara me vender qualquer coisa. Hoje ele ainda é uma criança-pedinte, mas e amanhã? Qual será o seu fim?


Escrito em 03/09/2008 - Por Graciele Dornelles

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