quinta-feira, 11 de março de 2010

..Sonhos Despedaçados..

Dona Maria não tivera sorte. Hoje recordando toda sua vida, seus olhos enchem-se de lágrimas, com o pensamento que já sofrera. Desde menina fora submissa ao pai, seguindo a risca todos os seus desejos. Até que buscara um novo caminho. Viajara por três dias até a casa de uma tia em São Paulo, onde acreditava que conseguiria uma vida melhor. Pura ilusão!

Seu sofrimento estava por começar. Inconscientemente encontrara aquele que destruiria sua vida, seus sonhos, seus sentimento de mulher. Mas acreditando que isto seria a poderosa mão do destino, a te oferecer um bom marido, entregou-se de corpo e coração a este turbilhão de sentimentos. Juntos construiam grandes sonhos. Porém, inatingíveis.

A efêmera ilusão de uma mulher apaixonada, levara Dona Maria a lugares inesperados, a situações inusitadas. E todas contidas cada vez mais de sofrimento e dor.

Mas numa manhã ensolarada de primavera. Ela sentira a maior alegria de sua vida de mulher. Nascera sua primeira filha. Aquela que seria sua companheira para toda vida. Aquela à qual depositara todo o seu afeto. Aquela que teria uma vida bem diferente da que tivera.

Porém, os dias que se seguiam apenas destruíram por mais uma vez o seu castelo se sonhos. Ela jamais desejara que sua 'princesa' passasse por tanta dificuldade. Seu inconsciente queria lutar, mas por trás de sua coragem havia uma força maior. A manipulação de um homem, que outrora ela amara. Mas que a vida inteira a mantera como sua propriedade. Tornando-a alguém sem vida, sem palavras, sem alma.

A partir daquele momento, Dona Maria precebera que sua vida seria um atentado à sua vida a cada dia. MOmentos como fome, tristeza, depressão, brigas... surras e sangue.

Hoje seu rosto cansado, marcado pela dor, demonstra o sentimento sem fim que enfrentara por toda a vida. Suas mãos trazem as marcas de uma luta diária pela sobrevivência. Seus olhos, já cansados com apenas 48 anos, demonstram que a destruição de seu castelo de sonhos há 27 anos atrás, destruiria também com os sonhos de sua princesa.

Os únicos tesouros que pudera cultivar, fora os seus três filhos. Vivos e também sobrevivendo.


Escrito em 18/08/2008 - Por Graciele Dornelles

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